terça-feira, 5 de outubro de 2010

Falando em Tiririca

Falando sobre politica ....





O candidato a deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva (PR), o palhaço Tiririca, é o grande fenômeno das eleições de 2010 para a Câmara Federal como todos imaginávamos e como todas as pesquisas apontavam.
Mas não há ilusões. Depois que deixar a TV Record, do bispo Edir Macedo, onde é funcionário, e assumir seu novo trabalho em Brasília, em 2011, infelizmente terá o mesmo fim dos outros candidatos caricatos que tiveram votações expressivas e sumiram nos corredores do Congresso Nacional.

Ainda assim, o caso não é desprezível. Verdade matemática é que Tiririca teve mais votos que o candidato a deputado federal de 1986, Luiz Inácio Lula da Silva, um recordista – na época -com 650 mil votos. Ressalta-se, no entanto, que o atual presidente Lula teve essa expressiva votação em 1986, quando o colégio eleitoral no Estado de São Paulo era bem menor do que é hoje.
A verdade histórica é que a votação de Tiririca este ano ultrapassou com sobra também a de Paulo Maluf, em 2006, quando foi eleito deputado federal com 739 mil votos, e Clodovil Hernandez, que no mesmo ano chegou a quase 500 mil votos. Em termos absolutos, Tiririca só perdeu para Enéas Carneiro, que assumiu a Câmara Federal em 2002, graças a 1,5 milhão de votos.
O Tiririca “político”, no entanto, tem um pai. Ele é a criatura. O criador desse fenômeno das urnas de 2010, que seduziu quase 1,5 milhão de eleitores, aquele que conseguiu dar existência e consistência a esse novo integrante do Congresso Nacional foi o marqueteiro Valdemar Costa Neto, um dos líderes nacionais do Partido da República (PR).
Político, mas também marqueteiro, Costa Neto é responsável pela criação do PR, fusão de parte do Partido Liberal (PL) – que tinha como um de seus líderes em São Paulo, Guilherme Afif Domingues -, com o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), presidido por Enéas Carneiro.
Neste episódio histórico da votação de Tiririca, Costa Neto desfrutou de tanta autoridade e desempenhou um papel tão considerável, que merece destaque. Sua atuação teve início no primeiro dia de gravação para o horário político do PR. Francisco Everardo Oliveira Silva chegou ao estúdio de terno e gravata. Valdemar não vacilou e simplesmente determinou: “Você é o Tiririca, pode mudar de roupa e vestir a de palhaço”. Foi decretada e certificada, ali e assim, a invenção do marqueteiro.
Sem comentar, aqui e agora, o papel e as atividades políticas de Valdemar Costa Neto, preferi analisar neste artigo o que ficará consagrado na política brasileira. A votação de Tiririca foi produto de marketing do Boy, como Valdemar é conhecido na Cidade de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Conhecendo como ninguém as necessidades do consumidor, Boy adaptou o produto ao mercado


Acredito e identifico que esse fenômeno Tiririca só pode ser encarado como fruto de um momento certo. Ou seja: uma jogada de oportunidade, utilizando um pequeno espaço de tempo, um instante ou um ponto no tempo, cedido pelo horário eleitoral. Foi o suficiente. “Pior que está não fica” foi a frase que sintetizou melhor a idéia de momento dos eleitores em relação aos nossos deputados federais.


Tiririca 2010 lembra o momento em que os eleitores deram 95 mil votos ao rinoceronte Cacareco, candidato a vereador em São Paulo, em 1959. Ou a eleição em que 400 mil cariocas, três décadas depois, escolheram o macaco Tião para prefeito do Rio de Janeiro, transformando-o, segundo o livro Guinness dos Recordes, no chimpanzé mais votado no mundo. Neste quadro, outro “cacareco simbólico” foi a figura de “Meu nome” é Enéas em 2002.


O interesse pelo palhaço Tiririca foi tanto que, a partir do início do horário político na televisão, seu nome foi um dos mais procurados na internet. Cacareco, Macaco Tião, Enéas e Tiririca representam o protesto, mas também a face divertida e moleca da política brasileira.

Mas, no jargão da política, só Tiririca poderá ser identificado no bloco dos candidatos biombos. Só ele esconde – sob sua lona - quem serão os outros deputados que irão pegar carona nessa avalanche de votos que foram confiados a esse palhaço.



Falando nisto ....


- Valdemar Costa Neto (PR): Envolvido no escândalo do MENSALÃO (“Esquema de compra de votos de parlamentares”), renunciou em 1º de agosto de 2005 para não ser cassado.



- José Genoíno Neto (PT): Renunciou à presidência do PT em julho de 2005, por envolvimento em denúncias de corrupção relacionadas ao escândalo do MENSALÃO.


- João Paulo Cunha (PT): ex-presidente da Câmara Federal, foi acusado de receber R$ 200 mil do esquema do MENSALÃO.






O que foi o MENSALÃO?


Segundo o Procurador Geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, na Denúncia Oficial que apresentou e foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal, o ex Deputado Federal Roberto Jefferson, então Presidente do PTB, acuado, pois o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público, com a divulgação do vídeo feito por Joel Santos Filho estava focado, em um primeiro momento, em dirigentes dos Correios indicados pelo PTB, resultado de sua composição política com integrantes do Governo, divulgou, inicialmente pela imprensa, detalhes do esquema de corrupção de parlamentares, do qual fazia parte, esclarecendo que parlamentares que compunham a chamada “base aliada” recebiam, periodicamente, recursos do Partido dos Trabalhadores em razão do seu apoio ao Governo Federal, constituindo o que se denominou como “mensalão”.






Vejam as denúncias feitas pelo Procurador Geral da República conta os “mensaleiros”:


- Valdemar Costa Neto - deputado federal (PR, ex-PL) – Denúncia: Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção passiva.;


- José Genoino - ex-presidente do PT e deputado federal – Denúncia: Corrupção ativa; Formação de quadrilha;


- João Paulo Cunha - ex-presidente da Câmara e atual deputado federal – Denúncia: Lavagem de dinheiro, corrupção passiva; peculato.


(As denúncias foram aceitas pelo Supremo Tribunal Federal e os 40 mensaleiros viraram réus)

Pior que está fica ...

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